15.04.2024
Portfólio Laranja: Dario Messias
Esta segunda-feira, dia 15 de abril, assinala-se o Dia Mundial da Arte. Nesse sentido queremos dar a conhecer o nosso querido coworker Dario Messias. Com uma alegria e generosidade que o caracteriza, o Dario respira arte de todas as formas. Dono de um sentido de humor gigante e de um coração ainda maior, chegou ao Cowork Torres Vedras há menos de um ano e rapidamente conquistou toda a comunidade com o seu sorriso fácil e empatia.
Assim, é com muito carinho que inauguramos a 2ª edição do Cowork Torres Vedras Mostra com a exposição “Tudo é arte”. Através desta iniciativa queremos potenciar uma programação de pequenas exposições que mostrem projetos locais, de artistas locais. Uma galeria num espaço de cowork: inusitada, informal e de acesso livre! Lê o artigo para conheceres melhor o Dario e o que inspira.
Fala-nos um bocadinho sobre ti. De onde vens e para onde vais?
Eu nasci numa família com uma atmosfera totalmente artística. Acho que isso sempre me influenciou muito. Tudo que vejo, vejo arte. É um vício. Até quando cai, por exemplo, café na mesa, a forma que fica, vejo arte. A forma das nuvens, uma parede “nua”. Um corpo. Tudo o que dê para desenhar e ser reproduzido para mim pode ser arte.
Eu vim de Jundiaí, São Paulo. Cheguei a Portugal há sete meses, essencialmente motivado pela educação do meu filho, um pequeno artista também. Estou a adorar Portugal, acho que esta minha forma de romantizar as coisas intensifica-se ainda mais aqui. Também pelo fator de novidade.
Os meus olhos estão sempre atentos a tudo que possa ser arte. Aqui dentro do Cowork também me conecto com pessoas que me dão muito conhecimento, tanto na tatuagem como no design.
Tens uma veia artística. Descobriste essa vocação desde cedo ou veio com o tempo?
Sempre estive rodeado de arte e sempre me despertou interesse. Para além disso, cresci a admirar o meu pai, um artesão.
Quando era pequeno lembro-me que os meus pais, quando precisavam, deixavam-me com a nossa vizinha, a Maria. O filho mais velho dela, o Alessandro, desenhava muito e tinha imensos desenhos na parede. Eu passava horas a desenhar também. A minha mãe guarda esses desenhos até hoje. É a minha maior fã e motiva-me muito em tudo o que faço!
Recordo-me, inclusive, que tinha um livro de enciclopédias de animais. Eram cerca de 200 páginas e eu cada dia reproduzia um animal diferente que estivesse no livro. Agora aplico muito isso com o meu filho. Se queremos deixar uma criança concentrada por algum tempo basta dar-lhe materiais para desenhar.
Também cresci com contacto com a arte graças ao meu tio. Ele era caseiro de um francês e sempre que o visitava apreciava as obras de arte, os quadros, as esculturas, até mesmo o paisagismo da casa. Era incrível.
Tenho ainda memória de um livro que o meu outro tio fez para a minha mãe. Está guardado em nossa casa. Um livro de poesia ilustrado, escrito e desenhado por ele. Está muito bonito. Lembro-me da existência deste livro desde sempre. Eu queria sempre folheá-lo e, inclusive, rasguei a primeira página quando era pequeno. Está colada com fita-cola.
Além disso, a arte de rua está muito presente de onde venho. Em São Paulo, existe muito uma cultura mais exposta na rua, como o graffiti, que eu gosto muito.
O abstrato também me chama bastante à atenção. Coisas óbvias são bonitas porque são óbvias. Ver beleza no abstrato é diferente.
Portanto, não sei se é algo meu, romantizar as coisas ou também o ambiente em que cresci favoreceu isso, mas sempre tive arte próxima de mim.
Agora, a acompanhar o meu filho crescer tento incutir-lhe todas essas coisas que me incutiram. Ele tem três anos, e estou a ensinar-lhe a escrever o nome dele. Incentivo-o muito a desenhar e noto que ele tem muita noção. Mesmo a pintar, não sai fora do risco.
Quais são ou foram as tuas maiores referências e inspirações que influenciaram o teu caminho?
Obviamente tenho artistas prestigiados como referência, mas eu valorizo muito o contacto mais próximo, mais emocional. Van Gogh é, inquestionavelmente, um artista incrível, mas não é uma referência para mim. Não desmerecendo o seu trabalho e talento, as minhas referências são as pessoas que estão perto de mim, que me ensinaram o que é arte e quem é Van Gogh.
Nesta linha de pensamento, tenho de referir a professora Tânia e a Valéria, que foram minhas professoras de arte e me marcaram muito.
Obviamente que a minha família e amigos influenciam muito a minha jornada. Os meus tios, os meus vizinhos, que já referi. Mas o meu pai é das minhas principais inspirações. Claro que é comum os filhos olharem para os pais com admiração e como um exemplo a seguir, mas ele influenciou muito o meu caminho.
Para além do gosto pela arte, e pela música, foi graças a ele que descobri a paixão pela tatuagem. O meu pai tinha um negócio de facas e eu comecei a personalizar as bolsas de couro usadas para guardar as facas. Gravava o nome dos clientes. O meu pai dizia que ele tinha força bruta e eu tinha força sensível. A partir daí comecei a ganhar gosto. Inclusive, a primeira pessoa que tatuei foi o meu pai.
Na tatuagem, inspiro-me muito no trabalho dos meus amigos de infância, que também são tatuadores.
Conta-nos sobre a tua arte. Há uma linha artística, algum padrão que identifique os teus trabalhos?
Estou sempre a mudar, sempre a reinventar-me. A encontrar-me e encontrar novas fontes de inspiração.
No entanto, ultimamente, tenho me identificado muito com a arte botânica. É uma linha artística que me tenho dedicado bastante e inclusive está a ser muito bem recebida.
Para a exposição do ‘Cowork Torres Vedras Mostra’ vou trazer algumas obras minhas que fazem parte dessa linha. Algo mais abstrato e botânico.
Contudo, se tivesse de referir apenas um estilo que me identifique, diria a arte de rua. Cresci com a cultura do graffiti. Seja por influência de amigos ou de onde venho, o graffiti é a minha influência mais forte. Mas tenho noção que é um estilo muito específico. Uma arte que se ama ou odeia.
Para mim tudo é arte. Tudo uma tela em branco e, portanto, é difícil rotular-me. Faço um pouco de tudo e gosto de todas as artes. Talvez ‘designer criativo’ seja o melhor rótulo.
Conhece mais sobre os trabalhos do Dario na sua página de Instagram.